terça-feira, julho 04, 2006

Educafro x Cotas x Governo x Rede Globo

O Estado de São Paulo de 1º de Julho:

Educafro defende adoção do sistema de cotas raciais


Desde a última quinta-feira, quando um grupo de intelectuais entregou ao Congresso Nacional um manifesto contrário à adoção de cotas raciais no Brasil, a polêmica foi reacesa. O diretor da Educafro, frei David Raimundo dos Santos defende a política de cotas. Já o sociólogo Demetrio Magnoli critica a medida



Rodrigo Pereira da Agência Estado

O diretor executivo da Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), frei David Raimundo dos Santos, acredita que hoje o quadro do País é injusto com os negros e defende a adoção do sistema de cotas. "A cota não tira direitos, mas rediscute a distribuição dos bens escassos até que a distribuição igualitária dos serviços públicos seja alcançada", diz.

Pergunta - Por que o senhor defende as cotas?

Frei David - Entendo que o Brasil precisa adotar cotas para avançar na construção da igualdade de direitos para suas várias etnias. As cotas também são necessárias como instrumento para levantar a auto-estima do povo afro-brasileiro no direito à educação, saúde, e lazer. Minha alegria é saber que das quase 40 universidades públicas que adotaram cotas, nas 20 que fecharam suas pesquisas os cotistas, após um ano de estudo, estão com notas acadêmicas iguais ou superiores aos alunos que entraram sem cotas.

Pergunta - Mas a cota não fere o princípio da igualdade, não prejudica o restante da população?

Frei David - A cota não tira direitos, mas rediscute a distribuição dos bens escassos da nação. É uma provocação dos excluídos frente à classe dominante. Provocação para mudar a situação. Só existirão cotas enquanto os bens disputados forem escassos. A cota aparece quando os bens são distribuídos de maneira injusta. O fator que determina isso é o fator econômico. O negro não tem dinheiro para pagar cursinho caro e passar na USP. O vestibular não usa como ferramenta a capacidade. Usa como ferramenta o dinheiro. Então vestibular é privilégio. E as cotas vêm justamente quebrar privilégios. A melhor resposta que tive sobre cota até agora foi de um jovem negro lá da Uerj. Ele disse: "Frei David, eu prefiro ser discriminado estando dentro da universidade do que ser discriminado fora da universidade".

Pergunta - Os críticos dizem que as cotas vão trazer o conflito racial, acirrar a discriminação.

Frei David - Temos quase 40 universidades estaduais e federais que adotaram cotas. Em todas que contatei me informaram que não só não aumentaram em um milímetro os conflitos, mas os conflitos que normalmente aparecem foram tratados com mais capacidade e usando instrumentais mais eficazes de resolução dos conflitos.

Pergunta - Como o senhor recebeu a notícia do manifesto contra as cotas?

Frei David - Eu entendo que comete erros graves porque joga com palavras e cria sentidos dúbios. Os autores defendem um princípio de igualdade, mas estão estritamente ligados, maldosamente, à igualdade jurídica. Os autores estão totalmente afastados e não querem nem saber da igualdade material, da igualdade real e da igualdade de fatos. O assunto do negro do Brasil sempre foi levado para debaixo do tapete, sem debates. Hoje cresce a consciência e a determinação do negro de participar concretamente. Outro ponto: segundo o Ipea desde 1929 todas as políticas públicas universais introduzidas em nada mudaram a desigualdade entre brancos e negros. Estamos questionando a carta quando diz que políticas universalistas resolveriam o problema do negro. Ou é ingenuidade ou maldade dos autores.

Pergunta - O senhor acredita que seja o quê?

Frei David - As duas coisas. Desconhecimento é impossível, porque eles são doutores. Também estranha muito ver doutores, especialistas em antropologia, dizerem que a proposta das cotas cria privilégios. Aí tem um toque de perversidade. E a previsão é que em dez anos as cotas serão dispensáveis.

noolhar.com/opovo/brasil 03-07-2006



Família Educafro:

Ontem (29/06) foi ao ar uma matéria no Jornal Nacional "Intelectuais pedem rejeição de propostas que poderiam incentivar o racismo". Durante a matéria o Frei David manifestou a posição contraria a postura dos intelectuais.
O grande mistério é que no vídeo da internet http://gmc.globo.com/GMC/0,,2465-p-M493240,00.html e na edição do texto(abaixo) a opinião contraria não aparece. Por que?
Vamos enviar e-mails para alguns diretores da Rede Globo com uma forte crítica! A Globo não tem o direito de colocar um assunto tão importante de modo tendencioso e parcial. Por que cortar parte favorável às cotas?
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roteixeira@tvglobo.com.br
erick@tvglobo.com.br
basbaum@tvglovbo.com.br
carlos.peixoto@tvglobo.com.br
cristiana.randow@tvglobo.com.br
mig@tvglobo.com.br
patricia.carvalho@tvglobo.com.br
pedro.zorzetto@tvglobo.com.br
ricardo.villela@tvglobo.com.br
denise.galvani@tvglobo.com.br
fjsilva@tvglobo.com.br
fabioturci@tvglobo.com.br
angelica.camargo@tvglobo.com.br
fenaj@fenaj.org.br
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Além disso existem outro pontos na reportagem a serem indagados, quais sejam:
a) Porque o espaço na matéria do dia 29/6 contra as cotas foi três vezes maior do que a fala a favor?
b) Porque na edição do Jornal Nacional de 29/6, no site da Globo, a fala a favor foi eliminada totalmente e só colocaram a fala contra?

Leia a máteria na integra abaixo e a opinião da EDUCAFRO que foi suprimida;

29.06.2006
Jornal Nacional

Intelectuais pedem rejeição de propostas que poderiam incentivar o racismo
Intelectuais e representantes de movimentos sociais foram hoje ao Congresso Nacional pedir a rejeição de dois projetos de lei. Segundo eles, essas propostas podem incentivar o racismo no Brasil.
São dois projetos: o Estatuto da Igualdade Racial, que implanta um sistema oficial de classificação por raça. E o sistema de cotas, que obriga a reserva de vagas para negros e índios nas universidades públicas federais.
"Hoje está em moda trabalhar com a questão da diferença das minorias, o que é mais importante pra nós é a igualdade das pessoas, na república democrática todo o cidadão tem o mesmo direito", aponta José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista (MNS).
Argumento compartilhado por 114 artistas e intelectuais de todo o país. Eles assinam uma carta pública, entregue hoje aos presidentes da Câmara e do Senado.
Diz a carta: "políticas dirigidas a grupos raciais (...) não eliminam o racismo e podem até mesmo produzir o efeito contrário".
Segundo o documento o principal caminho para o combate à exclusão social é a construção de serviços públicos universais - como educação e saúde.
O manifesto diz ainda que ninguém deve ser discriminado, de forma positiva ou negativa, pela sua cor, seu sexo, sua vida íntima e sua religião.
Ao final, o documento cita o sonho de Martin Luther King, onde as pessoas não seriam avaliadas pela cor de sua pele e sim pela força do seu caráter.
Na opinião de especialistas, propostas como a adoção de cotas podem criar conflitos sociais:
"Essa solução não é a solução. Essa solução é simplesmente um arremedo para aliviar as culpas de uns e outros e fazer com que o país no futuro seja um país dividido entre brancos e negros", acredita Yvonne Maggie, professora da UFRJ.
Os dois projetos estão em discussão no Congresso há quase dez anos. O Estatuto da Igualdade Racial já foi aprovado no Senado e veio para a Câmara. O projeto que cria a política de cotas nas universidades públicas federais, está pronto para ser votado pelos deputados em plenário.
"O Congresso e a sociedade brasileira devem examinar a adoção de políticas de combate ao racismo que tenham como base as características próprias do nosso país e as exigências próprias desse combate no Brasil", aponta Aldo Rabelo (PC do B – SP), presidente da Câmara dos Deputados.
"Nós temos que discutir mais, abrir esse leque, ouvir todos os segmentos da sociedade e o Congresso está disposto a fazer isso", garante Renan Calheiros (PMDB – AL), presidente do Senado.

Trecho que foi suprimido do site da Rede Globo, do texto e do vídeo:

Frei da ONG Educafro elogia iniciativa dos intelectuais


"Em São Paulo, o diretor da ONG Educafro, frei Davi, elogiou a iniciativa dos intelectuais - e disse que é corajosa a decisão de debater o assunto. Mas defendeu a aprovação dos dois projetos.

"Somos favoráveis à cota para pobre, para negro, para indígena e entendemos que o Brasil, para ser o Brasil ideal, igual para todos, precisa criar políticas públicas. Durante 500 anos não foi feito nada para resolver a grande diferença entre pobres, negro e ricos não negros. Agora as cotas são uma proposta provocando se o Brasil, deputados, intelectuais tiverem propostas eficientes para resolver o drama do negro sem cotas, que me apresentem algo melhor", disse frei Davi. " Jornal Nacional

Encontre esta reportagem em:

Jornal Nacional.globo.com






MANIFESTO ACIRRA DEBATE SOBRE COTAS RACIAIS

O documento entregue na quinta-feira ao Congresso por intelectuais que se opõem às teses de reservas de cotas raciais e ao Estatuto da Igualdade Racial reacendeu o debate sobre os caminhos para corrigir as desigualdades sociais no País.

Há quem considere que o estatuto transforma a Nação, constituída de um conjunto de cidadãos iguais perante a lei, numa confederação de raças. Outros argumentam que as cotas são a única saída, na medida em que todas as políticas públicas universais introduzidas no Brasil em nada mudaram a desigualdade entre brancos e negros.

"Não se combate a exclusão apenas com políticas de universalização dos serviços. São necessárias ações afirmativas em situações emergenciais", afirma a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

"Corremos o risco de dividir a Nação brasileira entre brancos e negros", contrapõe a antropóloga Yvonne Maggie, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), incumbida de entregar ao Congresso o manifesto assinado por 114 intelectuais que condenam a política de cotas raciais.

Estatuto
O estatuto é polêmico. No mercado de trabalho, destina 20% das vagas para negros no preenchimento de cargos em comissão e assessoramento de nível superior da administração pública. Prevê ainda ampliação dessa meta até a correspondência da estrutura demográfica de raças em escala nacional (próxima de 50%) no caso do governo federal.

Na área de educação, reserva 50% das vagas nas universidades federais para alunos que fizeram todo o ensino médio em escolas públicas. Parte desses 50% será reservada a estudantes de escolas públicas negros ou indígenas. O porcentual respeitará o índice dessas populações em cada estado, de acordo com o IBGE.

Nos meios de comunicação, impõe a apresentação de imagens de pessoas afro-brasileira em proporção não inferior a 20% do número total de figurantes. As peças publicitárias também devem garantir uma participação não inferior a 20% de afro-brasileiros. "É para atender a uma situação marcada por disparidades e desigualdades. Haverá um dia em que não necessitaremos mais dessas leis", argumenta Matilde.

O manifesto entregue ao Congresso sustenta, porém, que, em vez de acabar com a discriminação, os projetos podem acentuá-la. Entre os signatários do documento figuram alguns dos mais respeitados nomes nos departamentos de ciência política e antropologia do País, tais como Eunice Durhan, Luiz Werneck Vianna, Maria Hermínia Tavares de Almeida, Oliveiros Ferreira, Wanderley Guilherme dos Santos, além de artistas como Caetano Veloso, Ferreira Gullar, Moacyr Góes e Zelito Viana. "Estamos diante da possibilidade de vermos aprovados um projeto que pode deixar um rastro muito triste na história do País, uma cunha racial", avalia Werneck. [Tribuna da Imprensa]

Universia.com.br 03-07-2006





2006/6/30, Anderson Walter Fernandes :

Bom dia a todos,

Me chamo Anderson, sou bolsista Educafro no curso Ciência da Computação, e venho através deste manifestar o meu sentimento de ser acima de universitário, ser um militante Educafro. Ontem na matéria do Jornal Nacional(Globo), foi apresentado uma reportagem sobre alguns políticos que são contra a COTAS, ao PROUNI e pelo que parece, contra a nossa luta.
Essa reportagem o Frei Davi foi entrevistado, e com poucas palavras, tenho certeza disso, fez muitos militantes da Educafro sentirem orgulho de SER EDUCAFRO. e calou a boca desses políticos quando disse que "se tiverem algum projeto melhor que apresente".
Esses políticos, dizem que os atuais projetos, só fazem crescem a discriminação racial e a desigualdade social, e que o caminho para se ter um resultado melhor para sociedade brasileiro são "projetos sociais".
Aí eu me pergunto, desde que o Brasil é uma República, ou até antes, algum governo apresentou uma solução que seja mais plausível... é Acho que não.
segue link para a matério no site da Globo: leiam,


Então você que é Educafro, não abaixe a cabeça e crie bem alto, S O U E D U C A F R O;
Saia as ruas e lute pelo seu direito;
Não seja uma massa de manipulação; seja um individual que venha para somar;

Aos que não fazem parte do grupo Sou de Luta, caso queiram participar, acesse Grupo Sou de Luta

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Atenciosamente
Anderson Walter
Orgulho de Ser Educafro

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